Como parte da ideia de compartilhar conhecimento e experiências, este espaço está aberto,  partir de agora, para colaborações que venham acrescentar informação de qualidade aos leitores. Para começar, replico aqui um dos blogs mais interessantes que vi nestes  últimos  tempos e acompanho com muito prazer, o Portas & Janelas. Ele não é apenas mais um sobre turismo, mostra o mundo através das estruturas que dão nome ao projeto. Idealizado e mantido pela talentosa jornalista Izabel Reigada, especialista da área de turismo, o blog nos presenteia com ótimas narrativas e belíssimas fotos de destinos ao redor do planeta. 

No Tempo do Império

Como as cidades históricas mineiras, Petrópolis, na Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, é uma visita obrigatória para fãs da história nacional. Bem conhecida pelos cariocas, afinal a cidade está a apenas 65 km do centro do Rio, Petrópolis também é famosa entre os que gostam de trekkings, sendo ponto de partida – ou chegada – para um dos mais populares trekkings do País, a travessia Petrópolis-Teresópolis, com 42 km de sobe-e-desce nas montanhas, percorridos em dois ou três dias.

Quando assinou decreto fundando a cidade, em 1843, o imperador Dom Pedro II tinha um objetivo claro: construir ali sua residência de verão. Abrigando hoje o Museu Imperial, o palácio foi construído entre 1845 e 1862, período no qual dezenas de outros palacetes e casarões iam sendo erguidos em Petrópolis. E eles continuam ali, ainda que nem todos estejam abertos para visitas, o que não prejudica o passeio pelas ruas e praças arborizadas da cidade, procurando as placas de identificação histórica dos casarões, com breves informações sobre quem o construiu e quando.

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Corredor de acesso à antiga casa em que viveu Rui Barbosa, hoje uma pousada.

Em estilo neoclássico, o palácio de verão foi utilizado pelos imperadores até 1889, quando foi proclamada a República. O edifício com 44 cômodos divididos em duas alas e um andar superior pode ser visitado de terça-feira a domingo. Boa parte dos cômodos têm decoração original, recuperada quando o palácio foi transformado em museu, em 1940. Salas de reunião, jantares, baile e escritório estão no piso térreo e, no andar superior, os quartos dos imperadores e das princesas Leopoldina e Isabel. Além do mobiliário, há salas com exposição de joias, trajes, utensílios e, entre os principais objetos do acervo, a coroa de Pedro II.

Entre as construções de “portas abertas” estão a Casa da Ipiranga, de 1884, com restaurante na antiga estrebaria; a Casa de Cláudio de Souza, que pertence ao Museu Imperial; o Palácio Amarelo, onde está instalada a Câmara Municipal; e o Palácio Rio Negro, de 1889, que serviu de residência de vários presidentes da República. Ainda que a visita se restrinja à observação desde a calçada, vale a pena dar uma olhadinha na imponência de construções como o palácio em que viveu a princesa Isabel ou a casa de Rui Barbosa.

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Praça da cidade, vista a partir da porta da Igreja Nossa Senhora do Rosário

Além dos antigos palacetes, é necessário visitar algumas das impressionantes igrejas da cidade, especialmente a Catedral São Pedro de Alcântara, em estilo neogótico, onde estão os restos mortais de D. Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, além da princesa Isabel e seu marido, o Conde D´Eu. Menos imponente, a Igreja Luterana é um dos templos mais antigos da cidade, de 1863. Somente com a revogação da lei que impedia templos não católicos de terem características de igreja é que sua torre foi construída, em 1903, em estilo neogótico, com arcos e gárgulas. Mais simples, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi erguida em 1953, no local onde havia uma capela construída com doações coletadas por ex-escravos.

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Vitral da Catedral de São Pedro de Alcântara

A lista de visitas em Petrópolis pode ocupar bem mais do que as horas de um fim de semana. Entre os museus, por exemplo, está a Casa de Santos Dumont e o Centro Cultural 14 Bis, anexo à casa-museu. Para a crianças, o Museu de Cera pode agradar bastante, com as figuras imperiais, naturalmente, mas também super-heróis e personalidades, como Santos Dumont e Einstein. Já os papais e mamães vão preferir a visita à mais antiga fábrica de cerveja do Brasil. A Cervejaria Bohemia funciona ali desde 1853 e suas instalações foram adaptadas ao turismo. Agora, é possível fazer um tour por uma espécie de museu da cerveja, bastante interativo, com direito a degustação no final. Há ainda um restaurante e, como é de se esperar, o bar.

Em tempo: o site do Museu Imperial, além do horário de funcionamento e preço dos ingressos, tem uma visita virtual que vai agradar quem curte história (www.museuimperial.gov.br). No caso da www.cervejariabohemia.com.br, a dica é checar os horários do restaurante e das visitas.

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