À primeira vista, um destino pouco atrativo a turistas que visitam a Alemanha, Stuttgart tem histórias que influenciaram o mundo todo. Dentre elas, uma das criações que mais mudou o estilo de vida da humanidade: o carro motorizado. Considerada o berço do automóvel, a cidade é sede da companhia que iniciou produção e a popularização destes veículos, a Mercedes-Benz, e da Porsche, outra fabricante alemã de renome internacional. Capital do estado de Baden-Würtemberg, essa milenar cidade desponta como um dos melhores locais para se viver na Alemanha, mesmo sendo uma das mais poluída do país.
Praticamente destruída durante a 2ª Guerra Mundial, reergueu-se e tornou-se um dos grandes pólos industriais e tecnológicos do país. Devido à transformação de suas indústrias automobilísticas em linhas de montagens de tanques de guerra, foi um cobiçado alvo dos aliados na luta contra os nazistas. Com sua parte central praticamente destruída após pesados bombardeios, e cerca de 58% da cidade em ruínas, viu-se totalmente transformada, remodelada de acordo com as novas tendências arquitetônicas e urbanísticas do pós-guerra na Alemanha. Ruas foram alargadas, avenidas nasceram dos escombros e a cidade que viu o automóvel nascer foi adaptada a ele.
Alguns ícones da história local foram recuperados após a rendição alemã, como as antigas construções na área central da cidade. Palácios centenários, igrejas e construções de importante valor arquitetônico e histórico foram reerguidos, imensos parques foram recuperados. Essa constante transformação, que acompanha a cidade desde sua fundação, há pouco mais de mil anos, quando o duque Liudolfo da Suábia construiu um haras no local, em 950, continua na atualidade, impulsionada pelo boom imobiliário e seus modernos edifícios do Europa Viertel, ou pelo polêmico projeto ferroviário Stuttgart21, responsável por colocar a metrópole nos noticiários alemães nos últimos anos.
O projeto de construção de túneis e modernização da malha ferroviária que corta a urbe tem mexido com a cidade, principalmente no que se relaciona à enorme quantia investida, danos ao meioambiente, ao patrimônio histórico e, também, ao tráfego local. Parte do parque do Castelo (Schlosspark), uma enorme área de lazer que conecta o centro de Stuttgart ao rio Neckar há 600 anos, tornou-se canteiro de obras. Barulho e poluição são sentidos ao se passar pelo local, bastante popular entre moradores e visitantes. Serão anos bastante movimentados nesta área da cidade até a conclusão das obras.
Situada no vale do rio Neckar, Stuttgart é cercada por áreas verdes, principalmente por vinhedos, e um cinturão verde ao redor do centro da cidade. A área central é compacta e destinada a pedestres. Calçadões conectam parques, praças, ruas comerciais, áreas boêmias, tornando a caminhada por suas vias bastante tranquila. Lugares icônicos podem ser facilmente alcançados a pé, como as praças Schiller, Market, Neue Schloss (Novo Castelo), alguns dos cartões postais mais conhecidos. A rua König (Königstraße), por exemplo, é o calçadão mais longo da Alemanha, e está repleta de lojas, tornando-a bastante movimentada durante o dia. À noite, há restaurantes e bares espalhados por todos os lados, principalmente nos arredores da rua Leonhard, onde locais descolados dividem espaço com clubes de striptease e prostíbulos, legalizados no país. As diferentes faces de uma metrópole que não dorme.
Com uma cultura bastante característica da região da Suábia, onde se encontra, atualmente, o estado de Baden-Württemberg, Stuttgart é conhecida pela sua culinária, vinicultura e, principalmente, por tudo que esteja relacionado a automóveis. A cidade é sede de dois grandes museus, o Mercedes-Benz e o Porsche. Ambos se situam, praticamente, ao lado das respectivas fábricas e são as grandes atrações locais, contando suas histórias seus modernos edifícios. Vistas imperdíveis para quem passa pela cidade, mesmo aos não-aficcionados por carros.
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Leo Goulart 